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“Tenho medo que minha moto quebre no meio do nada, na África ou na Mongólia”

Expedições - 28/02/2018
“Tenho medo que minha moto quebre no meio do nada, na África ou na Mongólia”

Nos últimos anos, eu tenho feito palestras em empresas, participado de alguns workshops e eventos de motociclistas. Invariavelmente muita gente conta da vontade de fazer grandes empreitadas, dar novos rumos às suas vidas e coisas desse tipo. E claro têm também aqueles que sonham em um dia fazer uma grande viagem de moto mundo afora.

Uma das coisas que mais me chama a atenção é o fato da grande maioria dessas pessoas dizerem que não têm coragem ou mesmo que têm bastante medo de colocar esse tipo de sonho em prática. Costumo provocar essa gente para que explicitem claramente do que realmente têm medo a ponto de as impedirem de correr atrás de seus projetos. As respostas são as mais variadas, mas algumas estão sempre no topo do ranking. Não quero aqui me deter nesse tema e pretendo focar apenas em um dos medos mais citados pelo público motociclista:
Medo que a moto quebre no meio do nada.

De fato, o risco sempre existirá. Mas como se diz por aí, as estradas mais fáceis nunca levaram ninguém além da mesmice. Quer fazer algo grandioso, algo que te faça vibrar, viver experiências para lembrar para o resto da vida? Então tem que assumir certa dose de risco!

Por outro lado, existem várias medidas de planejamento e preparação que podemos adotar para minimizar bastante o risco da moto nos “deixar na mão no meio do nada”.

Escolher a moto em função da jornada que vamos fazer é fundamental. Pequena, ágil, potente, grande para levar garupa, simplicidade, robustez, etc… Tudo isso conta bastante, mas talvez uma das coisas mais importantes seja o quanto nos sentimos “íntimos” com as entranhas de um determinado modelo.

Antes de sair por aí eu costumo investir um bom tempo preparando a moto, separando ferramentas, peças, acessórios e “quebra-galhos”. Também levo comigo literatura técnica da moto e monto uma planilha de manutenção preventiva. Quando existe algum tema em que eu me sinta inseguro, eu costumo correr atrás de informações e estudar o máximo que puder.

A postura preventiva no dia-a-dia é crucial. A pilotagem conservadora para preservar ao máximo a moto é outro ponto determinante.

Ainda assim e com todos esses cuidados, adversidades com a moto podem ocorrer, mas felizmente suas consequências geralmente podem ser bem gerenciadas.

Considere que em qualquer capital de qualquer país do mundo, por mais pobre que seja, você sempre encontrará algum tipo de suporte de mecânicos competentes. E acredite, é muito comum encontrar ótimos profissionais nos países mais carentes. Mecânicos que sabem consertar peças, usinar componentes e não só fazer trocas de peças como é costume nos países ricos.

Poucos dias depois de ter entrado em Moçambique, ficamos em uma vila de praia lindíssima. A bateria da moto “morreu” e aparentemente não havia nada a fazer. De dica em dica cheguei a um senhor com cara de saber de tudo sobre baterias, mas sem nenhuma estrutura, sem nada de nada além de uns circuitos que ele mesmo montou e um monte de líquidos e apetrechos químicos. Ele me propôs abrir a bateria e fazer isso e aquilo. Como eu não tinha nada a perder, deixei com ele e voltei no dia seguinte sem muita esperança. E não é que funcionou! Aproveitamos um dos países mais gostosos do mundo. Só fiz a troca definitiva na África do Sul.

Muita gente se esquece de que boa parte das peças e componentes das motos atuais são os mesmos da indústria automobilística, fabricadas e distribuídas pelos grandes fornecedores no mundo todo (Bosch, Denso, Delphi, SKF, Magnetti-Marelli, Valeo, etc…). Quero dizer com isso que retentores, rolamentos, filtros, correias, bombas de gasolina e outros, muitas vezes são quase “padrões de mercado”. Componentes que equipam modernas BMW ou KTM, também são usados pela VW, Peugeot, etc… Uma correia de alternador de uma moto de grande porte pode ser a mesma de um carro popular, assim como as bombas de gasolina, etc. Às vezes só mudam as conexões e outras coisinhas bobas que qualquer mecânico saberá ajustar.

Saiba ainda que em todas as cidades é possível receber encomendas de courriers internacionais como DHL. Uma peça específica poderá chegar até você em poucos dias em qualquer lugar do planeta. Claro, você pode quebrar longe da uma capital. Mas quase sempre existirão caminhões que podem te levar até a capital em dias.

Meu amortecedor traseiro quebrou perto de Uliastay, interior da Mongólia. Fomos de caminhão até a capital. Fiz algumas tentativas de improvisar com o que tinha na cidade, mas felizmente consegui que me enviassem um amortecedor de Bruxelas via DHL. Poucos dias depois já estávamos rodando novamente.

Sinceramente, não faz sentido ficar apavorado com uma eventual quebra e não aproveitar lugares tão maravilhosos como as savanas africanas ou as estepes mongóis!

Basta racionalizar um pouco para ver que não há justificativa para aceitar que sentimentos de medo nos impeçam de irmos atrás de realizar nossos grandes sonhos, ainda mais se for uma grande viagem de moto mundo afora! Faça as suas reflexões pessoais e comece a se preparar. Faça valer cada dia de sua vida. Vá rodar de moto mundo afora!

Marcelo Leite

Marcelo Leite
Marcelo Leite

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